sábado, 18 de outubro de 2008

Análise do filme “Obrigado por fumar”



O filme “Obrigado por fumar”, de Jason Reitman, relata a saga do lobby Nick Naylor (Aaron Eckhart), que ganha a vida defendendo as indústrias do cigarro. Na busca por melhorar a imagem da indústria do tabaco, o lobista manipula informações, de forma a diminuir os riscos do produto e influenciar políticas de governo em favor dessas empresas.

O poder argumentativo de Nick atraia a atenção não só dos principais chefes da indústria do tabaco, mas também de Heather Holloway, a repórter de um jornal de Washington que deseja investigá-lo e que usa de meios “escusos” para conseguir seus objetivos. Momento único no filme em que seu profissionalismo pode ser questionado.

A trama aborda ainda a relação conflituosa entre Nick e um senador, que deseja colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros e com essa atitude desesperada, tenta prejudicar os negócios bilionários das indústrias de tabaco. Nick conta com a ajuda de um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o cigarro seja promovido nos filmes.

Em todos os conflitos apresentados pelo filme, o personagem utilizando o seu poder de argumentação e persuasão, passa de vilão para herói. Faz a audiência torcer por ele, pelo carisma e habilidade de conversar e convencer. Nick justifica suas ações com a necessidade de pagar sua hipoteca.

O filme propicia uma reflexão e um interessante debate sobre a conduta do profissional de assessoria e sua relação com a organização para qual desenvolve alguma atividade. Assim, a partir do tema abordado pelo filme em questão e fundamentado no texto “Afinal, o que o mercado profissional quer de você?” de Maristela Mafei, a presente análise busca traçar o perfil do profissional da assessoria, a partir de ações desenvolvidas por Nick.

Ao abordar o perfil do assessor de imprensa, Maristela Mafei comenta que o “assessor deve ter a con­fiança de todos os gestores, e tomar decisões sobre os melhores passos a serem seguidos em nome da boa imagem da empresa”. Nick não importa com os danos que suas ações podem causar a sociedade, atua em prol da organização sem se preocupar com ética e valores. Para o personagem acima de qualquer valor ético e moral estão os interesses profissionais. Essa afirmação fica clara quando Nick leva um presente para o homem Marlboro. O presente, uma mala cheia de dinheiro, na verdade, um suborno para que o homem propaganda pare com as denúncias contra as empresas de tabaco.

Maristela afirma que “o assessor não deve ser passivo, mas antecipar cenários que possibilitem a elaboração de um planejamento estratégico de comunicação capaz de gerar uma imagem positiva do assessorado”. O personagem na busca por elevar a imagem da organização que representa, faz com que o cigarro seja promovido nos filmes de estrelas em Hollywood, que aparecem fumando no espaço sideral, em uma ficção científica futurista.

A cenas que merece destaque, é a cena do debate na TV em que Nick encara um senador progressista, um ferrenho anti-tabagista, envolvido numa campanha feroz para que seja colocado o desenho de uma caveira em cada maço de cigarros. Usando o seu poder de argumentação, Nick passa de bandido a mocinho transfere toda imagem negativa para o senador que é defensor de queijo cheddar. Maristela comenta que é necessário que se trabalhe uma “política estratégica de comunicação, liderada por profissionais capazes de pla­nejar cada item e cada passo da exposição do assessorado”. Segundo a autora é essa política que influenciará positivamente a imagem da empresa.

Maristela comenta que o assessor tem o controle sobre a mensagem final que chega ao público-alvo, e é nesse ponto importante que o personagem falhou. Ao se envolver com a jornalista e deixar vazar informações importantes, Nick quase colocou a perder todo esforço utilizado por ele na busca por melhorar a imagem da indústria do tabaco.

Graças a sua capacidade estratégica e seu poder de argumentação, Nick conseguiu reverter a situação e recuperar sua imagem como lobista e a imagem da indústria de tabaco.
Por fim, podemos perceber que ao abordar os dilemas éticos da atividade do lobista, o filme permite-nos traçar o perfil do profissional nele representado. Percebemos que acima da conduta ética e moral, está fidelidade do profissional à empresa e a preocupação com sua imagem quanto profissional. Para Nick as questões profissionais estavam acima de tudo.

3 comentários:

Unknown disse...

Eu não assistir esse filme vi só o trailler me parece que um filme muito bom e com sua ánalise fiquei curiosa para assistir.Vôce se mostrou imparcial e prfissional como um jornalista deve ser.

Daniela Furtado disse...

Eu não assisti o filme, mas os seus comentários me deixaram curiosa. Acredito que com uma boa conversa e determinação uma pessoa é capaz de defender um ponto de vista, a ponto de convencer qualquer um de que ele está certo, sem deixar duvidas disso. Sou suspeita, mas o texto ficou bem escrito, claro e imparcial como deve ser o trabalho de um jornalista. Parabéns!!!

More than love - WD disse...

O filme é ótimo!!! VC aprende que a argumentação vale mais do que o conhecimento. Além de presenciar o surgimento de um novo lobista - o filho do lobista.